Como ficará a cicatriz? Há perda de sensibilidade?  

 

-  IMPORTANTE SOBRE A PELE E CICATRIZES:

 

                   

 Também temos no corpo nosso tecido que é a pele, que cede (fica flácido), trinca, esgarça (estrias por exemplo) existem tecidos, como em corte e costura, “bons” e “ruins (mais elásticos, resistentes, etc). Algumas pessoas tem peles mais elásticas, sem estrias, outras peles finas, estriadas e isso influencia bastante os resultados.

 

Para trabalhar um couro ou qualquer tecido, você precisa fazer cortes e costurar. Na cirurgia plástica, trabalhar com a pele é quase trabalhar com tecido,  faz-se cortes,  costuras (suturas), as quais marcam o tecido e  aparecem.  A diferença é que a Cirurgia Plástica vai trabalhar num tecido “vivo”, o que torna este trabalho muito mais complicado, pois as células que formam este tecido terão respostas variáveis de acordo com cada indivíduo e se renovam, além de envelhecerem e mudar sua estrutura constantemente. Por mais que se faça cortes e costuras com o máximo de capricho, certos vícios de postura humana podem fazer ceder mais de um lado que outro, esforços antes de se completar a cicatrização podem alargar a cicatriz (esgarçar a área do tecido cicatrizado que é bem mais frágil que o a área íntegra), pode ocorrer um exagero de cicatrização por alteração genética, como acontece muito com negros e descendentes orientais, também conhecidos como cicatrizes hipertróficas e quelóides. Na realidade, quando o nosso tecido é ferido,  ele inicia um processo de crescimento de novas células na região e pode perder o controle de quanto destas células deverá fabricar para preencher aquela área cortada, podendo crescer tantas que  tornam as cicatrizes altas, endurecidas, avermelhadas e muitas vezes dolorosas, algumas podendo ate parecer tumores, crescendo além da área que foi cortada e que fogem do controle do cirurgião.

 

Algumas pessoas avisam ao cirurgião que se baseam na cicatriz anterior do corpo para imaginar como ficará a cicatriz da sua próxima cirurgia. É necessário que haja comparação levando-se em conta que as cicatrizes sejam na mesma área cirúrgica e com a mesma tensão. Isto quer dizer que, por exemplo: numa cesareana a pele estava tensa por estar esticada pelo bebê, se faz um corte onde não se retira pele, se retira o motivo da tensão que é o bebê e a pele suavemente, sem tensão agora,  cicatriza (é uma cicatriz sem tensão, tem tudo para ficar fininha). Nao é uma cicatriz para se prever a cicatrização em uma abdominoplastia ou mamoplastia, onde se irá retirar excesso de pele, esticar e dar pontos. A cicatriz ficará sob tensão, com tendência de abrir e acaba alargando ou dando estímulo para formar mais células que pode se tornar uma cicatriz queloidiana, caso exista tendência genética. Na abdominoplastia, por exemplo, ao invés de tirar a tensão, como no parto, estaremos fazendo tensão, traremos a pele desde a região do umbigo para uma nova posição, esticando bem ela e prendendo na região do púbis, conforme entenderão no capítulo de abdominoplastia. Nesta ocasião, o organismo entende que, se está tão esticado, é melhor fabricar mais células produzindo mais tecido,  pois é como se ele entendesse que está faltando tecido e aí é que está o problema. Fabricando mais células na tentativa de diminuir a tensão, o quelóide pode se desenvolver. Se não houver tendência genética (história familiar), mesmo assim,  ela não cicatrizará tão suavemente como após um parto, pois estará sob extrema tensão e acicatriz pode acabar por esgarçar (alargar). Por isso é que há a indicação de andar curvada pelo menos uns 15 dias para amenizar esta tensão.

 

Então, esta comparação entre corte de cesárea com uma futura cicatrização de abdominoplastia, não é correta. Também não é correto afirmar que, por não ter tido quelóide em uma cicatriz de face ou numa cesárea e ter tido após uma cirurgia de mama ou abdome, é culpa do cirurgião. As cicatrizes largas, queloidianas aparecem em lugares mais tensos, com a pele mais grossa (já que o queloide vem do colágeno da derme, que é uma camada da pele, e é mais fácil acontecer onde há maior espessura de derme, como região das costas, tórax e abdome), dificilmente acontece na região da face, onde a camada da derme é fina, mas pode acontecer em pacientes com grande tendência a queloide (forma queloide quando fura orelha para colocar brincos, peercings, etc).

 

 Para estes casos, só podemos prever que possa acontecer cicatrizes elevadas, se já existirem cicatrizes anteriores com este aspecto. Quando não existirem, não podemos sair fazendo remédios para atrasar a cicatrização. Usamos somente preventivos, pois se a pele não tiver tendência e usarmos inibidores de cicatrização, poderemos diminuir a cicatrização ao ponto de abrir os pontos (deiscência de suturas) ou a cicatriz deprimir como uma estria (ficar pouco preenchida por células novas). Os preventivos são: placas de silicone ou gel para amenizar e prevenir alguns efeitos. Deixaremos as medicações para atrofiar uma cicatriz quando se iniciar um processo de hipertrofia. Somente nos casos de queloides evidentes, antes da cirurgia, podemos já usar medicações atrofiantes ou até betaterapia para tratar o queloide que virá.

 

Quando acontece ou já se sabe que poderá acontecer uma má cicatrização, já avisamos de uma necessidade de um possível retoque de cicatrizes. Após passar uns meses da cirurgia  e a  tensão diminuir,  podemos retirar só a área da cicatriz que ficou inestética, pois se a pele já relaxou após alguns meses (cerca de 8 meses), retirando apenas a cicatriz , não haverá tanta tensão como na primeira cirurgia, então o organismo não entenderá como necessário fabricar tantas células novas, ficando a cicatriz mais delicada. Por isso, sempre explicamos que toda cirurgia pode necessitar um retoque. Não há com prever como o seu organismo irá reagir as tensões de uma cirurgia plástica.

 

Existem pomadas, adesivos, injeções, placas de silicone e até betaterapia, uma radioterapia especifica na região da cicatriz, com o intuito de inibir o crescimento de um queloide.  A radioterapia, como todos sabemos, é uma agressão através da irradiação numa área de tumor (câncer, por exemplo) para tentar “matar” as células ruins que estão crescendo. Porém são de certa forma agressivas, podendo lesar as células boas ao redor e só podemos realizá-la quando temos grande chance de formar queloides.

 

Uma cicatriz é formada por células novas com um colágeno diferente do qual nascemos, por isso ela nunca irá sumir e sim, poderá ficar bem discreta, assim como todos os cortes profundos, marcas de vacina, e outras existentes no seu corpo.  Ainda como células novas e mais frágeis, levam de 12 a 18 meses para se tornarem resistentes, mais fortes.  Por isso, em qualquer período antes de um ano, grandes movimentações nas áreas operadas podem transformar sua cicatriz de fina a alargadas (esgarçadas), sendo mais comum acontecer no período em que as células novas estão mais frágeis, que é nos primeiros 3 meses e é por isso que a grande maioria dos cirurgiões pede que grandes esforços sejam evitados durante estes meses.